quinta-feira, 18 de março de 2010

Homem aceita desafio de desconhecido

Dentro de um bar, bêbado ofende e chama para brigar

Numa venda, João Dahlmann, secretário de uma biblioteca municipal em Buenos Aires, entra para jantar e acaba aceitando fazer um duelo com um desconhecido.

Dahlmann entra na venda, senta numa mesa junta à janela e na outra mesa vê três fregueses: dois pareciam peões de chácara e outro tinha traços chineses e torpes. De repente vem da direção da mesa destes três fregueses do bar, bolinhas de miolo de pão. O senhor resolve levantar-se e sair, mas logo o chinês faz ofensas e diz obscenidades, pegando um facão e convidando João Dahlmann a brigar. Antes de ser abordado por este freguês mal intencionado o proprietário do bar pediu: “Sr. Dahlmann, não faça caso desses moços, que estão meio alegres”. Falou ele, mostrando que o conhecia e evidenciando os desafiadores estarem bêbados.

Logo ao entrar, João havia visto um homem bastante velho, um velho gaúcho que estava estático num canto e, agora, no momento do desafio atirou-lhe uma adaga desembainhada que veio cair ao lado de seus pés. O senhor de idade avançada, pela sua aparência, foi visto como um símbolo do Sul por João Dahlmann, o Sul que, aliás era sua terra. Então era como se o Sul tivesse resolvido que Dahlmann aceitasse o duelo

Obrigado a lutar

Dahlmann inclinou-se para recolher a adaga e sentiu duas coisas. A primeira, que esse ato quase instintivo o comprometia a lutar. A segunda, que a arma, em sua mão inábil, não serviria para defendê-lo, mas para justificar que o mataram. João Dahlmann não tinha noção de como desferir os golpes, somente alguma vez havia exercitado um punhal, como todos os homens. “Não admitiriam no sanatório que eu me entregasse a estas coisas”, pensou.

O outro convocou para a briga: “Vamos saindo”. Então, saíram. Para Dahlmann não havia esperança, tampouco temor. Sentiu, ao transpor o umbral, que morrer numa peleja a faca, a céu aberto e atacando, teria sido uma libertação para ele, uma felicidade e uma festa se comparado à primeira noite do sanatório, quando lhe cravaram a agulha. Pensou que “se houvesse podido escolher ou prever sua morte, esta é a morte que teria escolhido e sonhado”.

Ideias do avô materno

Dahlmann teve um avô materno, chamado Francisco Flores, que morreu na fronteira de Buenos Aires lanceado pelos índios de Catriel. O avô era um antepassado romântico, de morte romântica, e que tinha a admiração do neto. Talvez, por isso, o contentamento com a morte.

Um comentário:

Maria do Carmo G. Branco disse...

Oi
Aleco, como estas? Buenos Aires cria muitas historias. Caminhar pela cidade e perceber a cultura que permanece intacta, como identidade do lugar, a faz unica. Fiquei imaginando uma serie de lugares para as situacoes que mencionate. Muito bom! Valeu por colocar em pratica minha sala de cinema particular, o meu cerebro.

Saudacoes Coloradas

Abracos

Maria do Carmo