terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Desvio Social: Marginais e Desviantes

Todos os grupos sociais fazem regras e tentam, em alguns momentos e em algumas circunstâncias, fazer com que elas sejam seguidas. Regras sociais definem situações sociais e os tipos de comportamento apropriados a elas, especificando algumas ações como “certas” e proibindo outras como “erradas”. Quando uma regra é imposta, a pessoa que se supõe tê-la transgredido pode ser vista como um tipo especial de pessoa, alguém que não se espera que viva segundo as regras com as quais o grupo concorda. Ela é vista como um marginal ou desviante. Entretanto esta pessoa que quebra as regras pode sentir que seus juizes são desviantes. A intensidade em que alguém é marginal ou desviante varia de caso a caso. Quanto menos parecido conosco é este infrator, mais o consideramos marginal ou desviante.

Com cuidado cada vez maior, os médicos e especialmente os psiquiatras começaram a chamar de “doença” (ou seja, é claro, “doença mental”) qualquer coisa e tudo aquilo que pudessem detectar qualquer sinal de mau funcionamento, baseados não importa em que norma. Assim, o homossexualismo seria uma doença porque a heterossexualidade é a norma social. O divórcio seria uma doença porque assinala o fracasso do casamento. O artista seria doente. O crime, a liderança política não-desejada, a participação em questões sociais, ou o afastamento de tal participação – todos estes e muitos mais foram considerados sinais de doença mental.

Alguns sociólogos também usam um modelo de desvio baseado essencialmente nas noções médicas de saúde e doença. Eles olham para a sociedade, ou alguma parte da sociedade, e perguntam se há nela alguns processos em marcha que tendam a reduzir sua estabilidade, diminuindo assim as suas chances de sobrevivência. Rotulam tais processos de desviantes, ou os identificam como sintomas de desorganização social. Uma outra visão sociológica é mais relativista. Ela identifica o desvio como um fracasso em obedecer às regras do grupo. Segundo Bronislaw Malinowski, em seu estudo das ilhas Trobiand, o fato de um ato ser desviante depende de como as pessoas reagem a ele. Você pode cometer o incesto de clã e ser alvo apenas de fofocas enquanto ninguém fizer uma acusação pública; mas você será levado à morte se a acusação for feita.

Diferenças na capacidade de fazer regras e de aplicá-las a outras pessoas representam, essencialmente, diferenciais de poder (quer legais ou extralegais). Distinções de idade, sexo, etnia e classe estão todas relacionadas a diferenças de poder, que explicam diferenças no grau em que os grupos assim diferenciados podem fazer regras para os outros. O desvio é criado pelas respostas de pessoas a tipos particulares de comportamento, pela rotulação daquele comportamento como desviante, devemos também ter em mente que as regras criadas e mantidas por tal rotulação não são universalmente aceitas.

Um comentário:

rayza disse...

outsiders - becker