segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Aldeias de Forrest - O Contador de Histórias - V

Lincoln teria sonhado com sua morte*
Chefe de polícia anotou enquanto Lincoln narrava a um grupo de amigos

Premonição, visão do futuro, vidência, bruxaria, invenção, farsa, oportunismo: ninguém sabe qual é a verdade. O fato é que o chefe de polícia, Ward Hill Lamon, do Distrito de Colúmbia, diz ter estado presente e anotado quando o presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, narrou a um grupo de amigos, na Casa Branca, que sonhou ter morrido assassinado.

O presidente Lincoln, logo depois de narrar seu sonho, foi mortalmente baleado na cabeça, dentro do Teatro Ford, de Washington, em 14 de abril de 1865, por John Wilkes Booth. Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso em 1846 e para presidente dos Estados Unidos em 1860, estava comprometido na defesa dos direitos civis e após cinco anos de mandato foi assassinado por um sulista.

O presidente Lincoln, segundo as anotações de Ward H. Lamon, contou detalhadamente todas as etapas de seu sonho para seus amigos, sonho que momentos depois se transformaria em realidade. Primeiro inicia dizendo que “cerca de dez dias atrás teria se deitado tarde porque estava aguardando uns despachos muito importantes...” e logo em seguida o presidente começou a sonhar. Relata parecer se envolver com a rigidez da morte e, então, começa a escutar soluços sufocados, “como se várias pessoas estivessem chorando”. No seu sonho, sai da cama e desce as escadas. Lamon continua, atenciosamente, escrevendo o que Lincoln conta: “Ali o silêncio era rompido por idênticos soluços, porém os que sofriam eram invisíveis. Caminhei de quarto em quarto. Não havia ninguém à vista, e os lamentos me seguiam enquanto caminhava.”

Abraham Lincoln descreve que as salas estavam iluminadas, os objetos lhes eram familiares; mas não sabia onde estava “essa gente cujos corações pareciam estar a ponto de rebentar de aflição”. Continua: “Invadiram-me a confusão e o medo. Que significava tudo isso?” pergunta-se, em meio ao sonho. “Decidido a descobrir as causas dessa situação tão chocante e misteriosa, segui até a sala Oriental. Encontrei-me aí com uma surpresa perturbadora”. Neste momento o presidente descreve o que coincidentemente viria a ser o seu corpo morto no sonho e, também, na realidade: “Em um catafalco se achava um cadáver envergando vestimentas funerárias. Ao seu redor, soldados de guarda, e um indígena que olhava com tristeza o corpo que ali jazia, cujo rosto estava oculto por um lenço”. “Outros choravam com profundo pesar”, completa.

“Quem foi que morreu na Casa Branca?” Perguntou Lincoln a um dos soldados. “O presidente” - respondeu ele – “Foi morto por um assassino”, acrescenta evidenciando a coincidência do sonho com a vida real do presidente Abraham Lincoln.

*Notícia que fiz baseada nos verdadeiros fatos ocorridos nas datas citadas. O texto é uma simulação de como a matéria seria publicada em um jornal impresso alguns meses depois do assassinato do presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln. Toma-se destaque para o fato das anotações do chefe de polícia, como sendo a novidade, já que o novo não seria mais a morte do presidente.